O envelhecimento refere-se a uma série de mudanças no corpo que ocorrem nos últimos anos de vida, e está associado a transformações significativas na composição corporal. 

Com o passar do tempo, observa-se um aumento na quantidade de gordura corporal, especialmente na região abdominal, e uma redução na massa muscular magra. 

Essa diminuição, em grande parte, é causada pela perda de massa muscular esquelética, um fenômeno conhecido como sarcopenia. 

 A sarcopenia é um processo complexo que envolve fatores como inatividade física, remodelação das unidades motoras, redução de hormônios e uma diminuição na síntese de proteínas.

O que é sarcopenia?

Inicialmente, o termo sarcopenia era usado para descrever a perda muscular relacionada à idade. 

No entanto, sua definição agora engloba a perda de músculo associada a doenças crônicas, falta de atividade física, dificuldades de mobilidade e desnutrição. 

Embora tenha sido sugerido que a sarcopenia primária, ligada à idade, poderia ser distinta da sarcopenia secundária causada por doenças crônicas ou perda de mobilidade, essa diferenciação é desafiadora na prática diária, pois pacientes idosos frequentemente enfrentam várias condições médicas simultâneas. 

Sarcopenia é caracterizada pela perda de massa muscular, juntamente com alterações na função física e na qualidade muscular. 

Essas últimas duas características estão fortemente ligadas a problemas de saúde e taxas de mortalidade elevadas. A Organização Mundial da Saúde reconheceu a sarcopenia como uma doença e a incluiu na Classificação Internacional de Doenças, com o código CID M62.8.

Quais os sintomas e consequências da Sarcopenia

A atenção aos sinais precoces e a adoção de medidas preventivas podem ser cruciais para diminuir os impactos da sarcopenia na vida diária e na saúde geral:

• Dificuldade em realizar atividades físicas anteriormente consideradas fáceis, como subir escadas, trocar lâmpadas e carregar malas ou compras.
• Desequilíbrio ao andar em terrenos acidentados, como ruas com desníveis e buracos.

• Quedas frequentes, geralmente evidenciadas em estágios avançados da perda muscular.
• A perda muscular aumenta o risco de lesões e fraturas decorrentes das quedas.

A sarcopenia tem efeitos adversos significativos na função, metabolismo, morbidade e mortalidade. 

Está associada a incapacidades funcionais, prejuízos na qualidade de vida, quedas, osteoporose, dislipidemia, aumento do risco cardiovascular, síndrome metabólica e imunossupressão. 

Tanto a quantidade de massa muscular quanto a função muscular (força, velocidade ao caminhar) estão independentemente relacionadas à mortalidade. 

Reduções tanto na massa muscular quanto na função muscular estão associadas a um aumento de 3,7 vezes na mortalidade e um aumento de 2 vezes no risco de quedas, além de um maior risco de dependência. 

A sarcopenia está associada a um aumento de 50% no risco de internação, um aumento de 20 dias no tempo de internação hospitalar e um aumento de 34% a 58% nos custos com cuidados hospitalares.

As alterações na capacidade de caminhar, qualidade de vida e autonomia são ainda mais marcadas em pacientes com obesidade sarcopênica. Mudanças na proporção de massa magra sobre a massa gorda provavelmente também estão envolvidas no desenvolvimento das comorbidades cardiometabólicas

Assim, um índice de massa corporal (IMC) baixo está associado a aumentos nos riscos de doença cardiovascular e síndrome metabólica, enquanto o oposto é verdadeiro na população em geral. 

Como é feito o diagnóstico da Sarcopenia

O diagnóstico visa uma abordagem abrangente para uma avaliação precisa. O médico que estiver a frente do caso vai avaliar a situação e ver qual método é o mais adequado, tendo uma visão ampla sobre o paciente.

O diagnóstico da sarcopenia envolve a avaliação da massa muscular, força muscular e desempenho físico. 

Métodos como antropometria, bioimpedância, absorciometria de raios-X de dupla energia (DXA), tomografia computadorizada (TC) e testes de força e função muscular são utilizados. 

Os critérios da European Working Group on Sarcopenia in Older People (EWGSOP) indicam diferentes estágios de gravidade, desde pré-sarcopenia até sarcopenia grave. 

Marcadores como hemoglobina, albumina, PCR, IL6, TNFα, estresse oxidativo e hormonais são considerados, mas não existe um biomarcador específico. 

Por que tratar a Sarcopenia?

Uma dieta saudável e atividade física suficiente são os principais determinantes da homeostase energética e das mudanças na composição corporal. 

A inflamação, resistência à insulina e inatividade física promovem a deposição de gordura, resistência anabólica e lipotoxicidade nos músculos sarcopênicos. 

Portanto, a sarcopenia requer uma abordagem de gerenciamento multimodal que combina uma estratégia nutricional direcionada à qualidade e ingestão de nutrientes, exercícios e medicamentos anti-inflamatórios e anabólicos.

O que fazer para reverter a sarcopenia

Reverter a sarcopenia, a perda de massa muscular associada ao envelhecimento, requer uma abordagem abrangente. 

Inicialmente, é crucial garantir uma ingestão adequada de proteínas, aumentando para 1-1,2 g/kg/dia em pacientes com mais de 65 anos. 

Suplementos de aminoácidos, especialmente leucina, podem beneficiar a massa e função muscular. 

Pode-se também considerar a suplementação de vitaminas como a D e ácidos graxos essenciais n-3 ou monoinsaturados contribui para a melhoria da resistência à insulina e ao anabolismo muscular.

Além disso, terapias médicas, como inibidores de miostatina e moduladores de receptores de androgênio, podem ser exploradas, embora com cuidado devido a possíveis efeitos adversos. 

A prática de atividade física é essencial, combinando exercícios aeróbicos para cardiovascular e resistência com exercícios de força para aumentar a massa muscular. 

Estratégias individualizadas, adaptadas ao estágio da sarcopenia e à saúde geral, são recomendadas. 

A pesquisa em inibidores de miostatina mostra promessa, enquanto o uso de testosterona e moduladores seletivos de receptores de androgênio pode ser ponderado, considerando benefícios e riscos. 

A supervisão médica é crucial para adaptar as estratégias às necessidades individuais, garantindo eficácia e segurança.

O que você achou desse texto? Espero que tenha contribuído para aumentar o sue conhecimento sobre essa condição médica.